sexta-feira, 6 de maio de 2011

Loucura de Portas Abertas

     O Loucura de Portas Abertas é o evento multimídia que vai marcar o início das celebrações do centenário do Instituto Municipal Nise da Silveira em Engenho de Dentro. Nos dias 10 e 11 de junho o Instituto estará recebendo a comunidade carioca para múltiplas atividades que incluem show com o cantor Ney Matogrosso, grafitagem nos muros, feiras, exposições, roda de samba, palestras, numa festa que vai exaltar, acima de tudo, a liberdade, o convívio e a luta contra o preconceito.

terça-feira, 3 de maio de 2011

O Centenário (1911-2011)


O Instituto Municipal Nise da Silveira, unidade da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, é uma instituição de saúde mental com forte herança histórica no tratamento da loucura. Foi inaugurado no início do século XX, em 11 de junho 1911, como Colônia de Alienadas do Engenho de Dentro, para receber um excedente de mulheres internas do primeiro hospício do Brasil, o Hospício de Pedro lI, que funcionava na Praia Vermelha desde meados do século XIX. Nomeado também como Colônia de Psicopatas do Engenho de Dentro e Colônia Gustavo Riedel, passou a chamar-se, na década de 1940, Centro Psiquiátrico Nacional e, nos anos 60, Centro Psiquiátrico Pedro II. Nesse período, chegou a contar com mais de 1500 pacientes e era um exemplo do sistema de exclusão e estigma predominante na época.

O Instituto acompanhou as transformações no tratamento psiquiátrico ao longo dos anos e foi berço de propostas inovadoras na assistência a indivíduos com transtornos mentais, colaborando na construção e consolidação das políti­cas públicas de saúde mental no país. Um dos exemplos mais conhecidos é o trabalho desenvolvido pela psiquiatra Nise da Silveira, hoje homenageada no nome da instituição. Não aceitando os tratamentos agressivos de sua época, Nise da Silveira abriu caminho para que outros personagens, também importantes, fizessem do Instituto um pólo disseminador das idéias que consolidaram o Movimento da Luta Antimanicomial. As iniciativas revolucionárias de outrora fazem parte hoje da história que resultou no processo de Reforma Psiquiátrica Brasileira, com leis que regulamentam as novas formas de tratamento e a criação de novos dispositivos de cuidado, além de toda uma mudança na compreensão da loucura e de sua repre­sentação social.
Seguindo as diretrizes da Política Nacional de Saúde Mental, o Instituto iniciou a desconstrução de seu aparato manicomial cujo processo se intensificou a partir da municipalização, em 2000. Tendo como base as ações de desinstitucionalização, o Instituto promoveu a saída de vários serviços assistenciais para o território (Emergência Psiquiátrica, Centros de Atenção Psicossocial), assim como estimulou a ocupação do espaço interno da unidade com projetos culturais, so­ciais e de geração de renda.
Atualmente o Instituto é composto pelos seguintes serviços: Núcleo de Reabilitação e Integração Social, Nú­cleo de Atenção à Crise, Centro Comunitário, Ambulatório Cen­tral de Adultos, Espaço Aberto ao Tempo e Museu de Imagens do Inconsciente. Este último, contendo o acervo hoje considerado o mais importante do gênero do mundo, possui aproximadamente 300 mil obras e tem suas principais coleções tombadas como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Outros acervos importantes, como os prontuários médicos do primeiro hospício brasileiro, bibliotecas, objetos e equipamentos usados em sua trajetória, possibilitam ao Instituto almejar sua consolidação como um Centro de Memória, Pesquisa, Formação e Cultura. Essa vocação é reforçada pela existência de projetos que também envolvem usuários, técnicos e comunida­de: Bloco Carnavalesco e Ponto de Cultura Loucura Suburbana, a Encantarte Edito­ra, e a Escola de Informática e Cidadania. Além disso, o Instituto oferece, por intermédio do Centro de Estudos Treinamento e Aperfeiçoamento Paulo Elejalde, formação teórico-prático para profissionais, estagiários e residentes na rede de serviços de saúde da zona norte do Município do Rio de Janeiro.
Ao completar 100 anos, o Instituto Municipal Nise da Silveira realiza um conjunto de atividades e eventos que procuram novas leituras dessa história que, iniciada a partir de um paradigma de exclusão e asilamento, se afirma hoje em processos que reforçam identidades e promovem cidadania.